Salário Mínimo no Brasil: Por que ele é tão baixo? Alguma vez você já parou para pensar sobre isso?
Para termos uma breve ideia do quanto escasso é o valor mínimo pago para quem trabalha com registro no país, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o valor deveria ser em agosto, de R$ 4.044,58.
Como sabemos, a quantia paga atualmente, no governo Bolsonaro, é de R$ 998,00. O aumento, em vigor desde janeiro, foi de R$ 44,00- ainda menor do que aquele proposta pelo presidente anterior, Michel Temer.
Bem distante do índice do DIEESE, não é mesmo?
Sendo assim, a pergunta que muitos se fazem, diariamente, é por que o valor do salário mínimo atual é mais de 4 vezes menor daquele considerado ideal?
Há visões opostas em relação ao valor do mínimo. De um lado, alguns especialistas do setor financeiro e econômico, pregam que um salário mínimo mais elevado, seria prejudicial ao país.
Sobretudo aos mais pobres. Será mesmo?
Por outro lado, setores mais progressistas, especialmente do segmento sindical, e o próprio DIEESE, apontam que seria sim possível elevar o salário. Com isso, o poder aquisitivo e a renda dos mais pobres, cresceria, sem ônus para o país.
Que tal entendermos um pouco melhor sobre o tema e refletir a seguir? Me acompanhe e vamos tentar descobrir por qual motivo temos um salário mínimo que figura entre os menores do mundo todo.
Por que o salário mínimo no Brasil é tão baixo: salário é usado para conter inflação, e não para distribuir renda
Uma das principais teses defendidas por aqueles que reivindicam um salário onde seja possível, sanar necessidades básicas diz respeito ao intuito do salário mínimo.
E eles encontraram uma provável e coerente resposta para a pergunta “por que o salário mínimo no Brasil é tão baixo?”.
Ao invés de ter como foco, a distribuição de renda, na verdade, a intenção é a de barrar o avanço da inflação.
Historicamente falando, o ordenado mínimo foi concebido exatamente para ser usado como uma ferramenta capaz de contribuir com a distribuição de renda.
Para tanto, estudos foram realizados para identificar quanto e o que as pessoas consumiam no mês, por exemplo.
Segundo a economista Patrícia Lino Costa, em entrevista para o portal do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa , Ciência e Tecnologia -SP:
Ao longo da história, por conta da inflação alta, o diagnóstico muitas vezes era de que tínhamos uma inflação de demanda, ou seja, as pessoas ganhavam muito e por isso elas consumiam mais. Então, para conter a inflação, um dos instrumentos do governo era diminuir renda. Por isso, o Estado começou a fazer reajustes no SM menores que a inflação.
Em suma, para que o salário mínimo fosse de fato, 4 vezes maior do que hoje, seria preciso a adoção de uma política intencional de longo prazo, continuada por diversos governos. No entanto, muito se fala em reajustes menores que a inflação.
Salário mínimo no Brasil: e se ele fosse mais alto, quais os possíveis “efeitos colaterais”?
Uma matéria já um tanto antiga, mas que serve como exemplo para nossa reflexão, publicada pela revista InfoMoney, ilustra bem o outro lado da moeda.
O texto, datado do final de 2017, diz que no papel, a ideia (de aumentar o salário mínimo)parece positiva – mas traria efeitos colaterais e até prejuízo aos mais pobres.
O argumento usado é de que “ se fosse baixado um decreto apenas elevando o salário, sem outras medidas, levando apenas a uma impressão monetária maior, o dinheiro renderia menos, a inflação subiria – e as pessoas que recebessem esse novo salário, aparentemente mais alto, veriam o seu poder de comprar minguar consideravelmente ao longo do tempo.”
Dessa forma, parte da sociedade defende o valor e justifica por que o salário mínimo é tão baixo no Brasil.
Diante do que foi dito neste artigo, deixamos aqui uma pergunta:
Você acredita que seu poder de compra diminuiria com um valor mais alto do salário mínimo? Conte pra nós, queremos te ouvir!
Fontes:
https://www.dieese.org.br/materialinstitucional/quemSomos.html
http://sintpq.org.br/index.php/blog/item/5363-por-que-o-salario-minimo-brasileiro-e-tao-baixo